Acabamos de regressar de uma das mais interessantes viagens, que fizemos nos últimos anos. Trata-se dos Emirados Arabes, no Oriente Médio. Devemos confessar que a obtenção do visto para a viagem não foi das mais fáceis: é necessário que alguém se responsabilize pela ida do turista, devendo preferencialmente ser um operador de turismo local ou ainda um hotel. Tal procedimento poderia ser mudado, sobretudo para o turista, que quer se deslocar por conta própria, hoje uma tendência mundial, na arte de viajar.
Viajamos diretamente de São Paulo, pela Emirates, cujo serviço de bordo na econômica é bem razoável mas que precisa se adequar melhor ao perfil do turista brasileiro. Algumas sugestões são o aumento de avisos em português durante o vôo, uma real atenção para com os passageiros oriundos de outras cidades, que chegam a ficar dez horas no aeroporto de Guarulhos, o aprimoramento do relacionamento com o chamado trade turístico, além de o oferecimento da primeira refeição, que não pode ser apenas um lanche.
A chegada a Dubai, depois de quase quatorze horas de vôo, foi espetacular. O aeroporto é um dos mais modernos que existe hoje no mundo, bem sinalizado, com um controle de passaporte rápido e eficaz e um andar voltado exclusivamente para o free shopping, um verdadeiro centro comercial. Aliás, o que não falta são centros comerciais, com as griffes mais importantes do planeta, que são visitados por Emiratis, os nativos, vestidos em trajes típicos mas com bolsas e relógios dos grandes estilistas internacionais.
O país é muçulmano e é governado dentro das diretrizes religiosas, que podem ser mais liberais em Dubai ou Abu Dabi, os estados mais ricos e evoluídos mas que tem um comportamento bastante ortodoxo, em Sharjah, a capital cultural do país, onde as mulheres locais tomam banho de praia vestidas, o consumo de álcool é proibido e as bibliotecas tem salas exclusivas para mulheres assim como os parques públicos tem dias voltados s para pessoas do sexo feminino.
Acreditamos que o mais nos agradou foi ver a possibilidade do islamismo conviver com a globalização. Fiquei, por exemplo, supreso em ver que no maior shopping da cidade, o Emirates Mall, existe uma mesquita e que nos horários das preces, os fieis são chamados e se dirigem, para as mesma, voltando posteriomente para o trabalho e as compras. Constatamos que o país manteve as tradições culturais e religiosas, que hoje são o grande atrativo para o turista, que deseja viver uma experiência cultural.
O país foi se construindo graças aos esforços de imigrantes indianos, filipinos, paquistaneses que trabalham na construção civil, por salários extremamente baixos, embora bem melhores do que aqueles pagos em seus países de origem e vivem em condições precárias. Aliás, a mão de obra encontrada nas lojas, nos hotéis, nas agencias, nos mercados é quase totalmente estrangeira, ficando para os Emirati, os cargos no governo, que são bem remunerados.
O país parece entender a necessidade de oferecer um leque de hotéis, desde os albergues até aos suntuosos Burj Al Arab, Madinat Al Quashr ou ainda o Emirates Hotel. Nos hotéis mais luxuosos, a prestação de serviço obedece a padrões internacionais, inclusive com um mordomo à disposição de cada quarto, onde as diárias não custam menos de mil dólares norte-americanos. É interessante que a maior parte dos turistas que visita o país e se hospeda em tais estabelecimentos vem da Rússia e da Alemanha.
Verificamos também que a família real é vista como um exemplo de trabalho e vontade de crescimento susatentável do país. Há um respeito muito grande pela mesma e as fotos dos sheiks são estampadas nas ruas e nas estradas. Aliás, as estradas poderiam muito bem ser européias ou norte-americana,c omo a Dubai-Abu Dabi, com quatro pistas, sistema de monitoramento de velocidade e apoio a qualquer necessidade dos usuários.
A tematização dos equipamentos também faz parte das políticas locais; hoje o país tem o famoso Ski Dubai, onde é possível esquiar numa temperatura de inverno, lembrando que a média do país varia entre 23 e 48 graus, no verão. Dubai deverá ganhar nos próximos anos um metro e o maior parque temático do mundo, o Dubailand enquanto a capital Abu Dabi vai sediar o primeiro Louvre fora da França e uma nova filial do Gungheim.
Apesar do avanço tecnológico, que acontece vinte e quatro horas por dia, a cultura não foi esquecida: as cidades possuem áreas denominadas Heritage, onde o turista pode conhecer melhor um pouco da história e cultura locais.
Os Emirados Arabes deverão se tornar nos próximos vinte anos, um dos maiores destinos turísticos do mundo, baseando sua comercialização no binômio cultura-avanço tecnológico e mostrando ao mundo que é possível manter laços religiosos importantes, com o turismo e as novas realidades internacionais.
Bayard Do Coutto Boiteux é diretor da Escola de Turismo e Hotelaria da UniverCidade.
Viajamos diretamente de São Paulo, pela Emirates, cujo serviço de bordo na econômica é bem razoável mas que precisa se adequar melhor ao perfil do turista brasileiro. Algumas sugestões são o aumento de avisos em português durante o vôo, uma real atenção para com os passageiros oriundos de outras cidades, que chegam a ficar dez horas no aeroporto de Guarulhos, o aprimoramento do relacionamento com o chamado trade turístico, além de o oferecimento da primeira refeição, que não pode ser apenas um lanche.
A chegada a Dubai, depois de quase quatorze horas de vôo, foi espetacular. O aeroporto é um dos mais modernos que existe hoje no mundo, bem sinalizado, com um controle de passaporte rápido e eficaz e um andar voltado exclusivamente para o free shopping, um verdadeiro centro comercial. Aliás, o que não falta são centros comerciais, com as griffes mais importantes do planeta, que são visitados por Emiratis, os nativos, vestidos em trajes típicos mas com bolsas e relógios dos grandes estilistas internacionais.
O país é muçulmano e é governado dentro das diretrizes religiosas, que podem ser mais liberais em Dubai ou Abu Dabi, os estados mais ricos e evoluídos mas que tem um comportamento bastante ortodoxo, em Sharjah, a capital cultural do país, onde as mulheres locais tomam banho de praia vestidas, o consumo de álcool é proibido e as bibliotecas tem salas exclusivas para mulheres assim como os parques públicos tem dias voltados s para pessoas do sexo feminino.
Acreditamos que o mais nos agradou foi ver a possibilidade do islamismo conviver com a globalização. Fiquei, por exemplo, supreso em ver que no maior shopping da cidade, o Emirates Mall, existe uma mesquita e que nos horários das preces, os fieis são chamados e se dirigem, para as mesma, voltando posteriomente para o trabalho e as compras. Constatamos que o país manteve as tradições culturais e religiosas, que hoje são o grande atrativo para o turista, que deseja viver uma experiência cultural.
O país foi se construindo graças aos esforços de imigrantes indianos, filipinos, paquistaneses que trabalham na construção civil, por salários extremamente baixos, embora bem melhores do que aqueles pagos em seus países de origem e vivem em condições precárias. Aliás, a mão de obra encontrada nas lojas, nos hotéis, nas agencias, nos mercados é quase totalmente estrangeira, ficando para os Emirati, os cargos no governo, que são bem remunerados.
O país parece entender a necessidade de oferecer um leque de hotéis, desde os albergues até aos suntuosos Burj Al Arab, Madinat Al Quashr ou ainda o Emirates Hotel. Nos hotéis mais luxuosos, a prestação de serviço obedece a padrões internacionais, inclusive com um mordomo à disposição de cada quarto, onde as diárias não custam menos de mil dólares norte-americanos. É interessante que a maior parte dos turistas que visita o país e se hospeda em tais estabelecimentos vem da Rússia e da Alemanha.
Verificamos também que a família real é vista como um exemplo de trabalho e vontade de crescimento susatentável do país. Há um respeito muito grande pela mesma e as fotos dos sheiks são estampadas nas ruas e nas estradas. Aliás, as estradas poderiam muito bem ser européias ou norte-americana,c omo a Dubai-Abu Dabi, com quatro pistas, sistema de monitoramento de velocidade e apoio a qualquer necessidade dos usuários.
A tematização dos equipamentos também faz parte das políticas locais; hoje o país tem o famoso Ski Dubai, onde é possível esquiar numa temperatura de inverno, lembrando que a média do país varia entre 23 e 48 graus, no verão. Dubai deverá ganhar nos próximos anos um metro e o maior parque temático do mundo, o Dubailand enquanto a capital Abu Dabi vai sediar o primeiro Louvre fora da França e uma nova filial do Gungheim.
Apesar do avanço tecnológico, que acontece vinte e quatro horas por dia, a cultura não foi esquecida: as cidades possuem áreas denominadas Heritage, onde o turista pode conhecer melhor um pouco da história e cultura locais.
Os Emirados Arabes deverão se tornar nos próximos vinte anos, um dos maiores destinos turísticos do mundo, baseando sua comercialização no binômio cultura-avanço tecnológico e mostrando ao mundo que é possível manter laços religiosos importantes, com o turismo e as novas realidades internacionais.
Bayard Do Coutto Boiteux é diretor da Escola de Turismo e Hotelaria da UniverCidade.