marți, 24 iunie 2008

O Brasil, o Turismo e as forças políticas

Poucos países no mundo possuem a diversidade de belezas naturais e culturais que encontramos em território nacional. O Brasil sempre esbanjou alegria e vontade de viver, mesmo em seus recantos mais desfavorecidos,com a música e o gingado herdados de nossa colonização africana,misturada com a européia e com uma força indígena, presente, embora muito pouco reverenciada.
No entanto, vemos diariamente que estamos perdendo competitividade no mercado internacional e não conseguimos superar os problemas das grandes cidades, como o caos no trânsito, falta de segurança, população de rua, desemprego e uma escola sem real direcionamento para as necessidades da população.
Os governos passam, as promessas são apresentadas e os resultados são pequenos. A diferença entre ricos e pobres cresce cada vez mais, os programas de cunho assistencialista não deixam de aumentar e sofremos da pouca transparência dos recursos públicos e privados.
Em poucos anos, vimos o transporte aéreo se diluir em crises constantes. A Vasp, depois a Tranbrasil, a Varig e assim vai caminhando nossa aviação. A Anac não decolou e o DAC deixa saudades. As tarifas são cada vez menos competitivas e por razões que o coração desconhece, não surgem as low fare low cost, que hoje são responsáveis, por exemplo, na Europa, pela grande diversidade de tarifas. E a possibilidade de companhias aéreas internacionais voarem em alguns trechos, a famosa sexta liberdade do ar, permitiria uma revisão de algumas tarifas publicadas.
A Hotelaria carece de novos investimentos. A entrada de cadeias internacionais beneficiou a melhoria de qualidade das nacionais mas traz um modelo bem estruturado, que deixa a média e pequena hotelaria cada vez mais preocupadas. Os cruzeiros que invadem a costa brasileira e que tem se mostrado como uma forma de acesso a novas formas de conhecimento do país e dos mecanismos de entretenimento causam também sobressaltos, pois falta criatividade aos demais prestadores de serviço. É um setor ainda pouco entendido.
A prestação de serviço foi se adequando também a um cliente pouco exigente. Com exceção de São Paulo e algumas cidades do sul, há um misto de confusão entre respeito profissional e humano com afeto familiar. Recente consultoria dada a um restaurante carioca, em bairro de alto poder aquisitivo trouxe a tona que a forma de se dirigir aos colaboradores das diversas empresas, de forma muito pouco convencional acaba confundindo o conceito de servir com o de ser escutado psicologicamente.
Tais reflexões servem para entendermos um pouco melhor, sem grandes profundidades, os esforços que podemos desenvolver. Se desejarmos mudanças. O primeiro é de gerenciamento e aplicação de recursos públicos. Em nenhum momento se obriga um político, que venceu as eleições pelo voto popular a utilizar apenas técnicos. O técnico é um lado profissional para o desenvolvimento de políticas mas precisamos de gestores. Gestores administrativos e financeiros,que saibam acompanhar e priorizar os parcos recursos disponíveis, de forma participativa.
A participação dos conselhos, tanto nas administrações públicas e privadas, pode gerar novos caminhos. As idéias incubadas em cabeças pensantes são instrumentos de desenvolvimento. A cidade sustentável é fruto da integração de seus habitantes aos processos administrativos e sobretudo aos formatos de interação dos programas com as necessidades diárias da vida em sociedade.
O transporte é nosso desafio. O metrô é a solução e a criação de trens entre os grandes certos urbanos. O espírito solidário do transporte particular também deve ser levado em conta, além da revisão do transporte concedido e das integrações metro/ônibus/trem. Curitiba precisa ser observada como um case de sucesso e entendida dentro das especificidades das outras metrópoles.
Não podemos perder em nenhum momento as esperanças, nossa vida tem que ser uma luta continua mas vamos nos ater a alguns aspectos simples: iniciação escolar ao turismo em todo o território nacional, aproveitamento das faculdades de turismo e hotelaria, como incubadoras, realização de pesquisas constantes para avaliar a prestação de serviço e obter dados dos fluxos turísticos, plano de sinalização turística, programa de acesso real dos brasileiros ao turismo, programa nacional de segurança turística, programa de capacitação dos gestores públicos brasileiros, regulamentação do bacharel em turismo e hotelaria e a criação de postos de informações turísticas volantes com alunos de turismo, entre outros.
Um dos nossos aspectos mais favoráveis é a promoção do Brasil, no exterior. Feita com profissionalismo e dinamismo, deveria apenas rever a marca Brasil, que é confusa e muito colorida. No entanto, os municípios tem que participar mais efetivamente das feiras nacionais e internacionais, dos workshops, roadshows e da confecção de material promocional.
A meta da criação de 67 destinos turísticos de qualidade,que espero não seja igual a dos 9 milhões de turistas que o Brasil iria receber passa antes de mais nada, por algumas providências mencionadas, que se por acaso existem no papel, ficaram paradas nas burocracia e se inexistem, podem ser repensadas.
Um momento de reflexão e de auto crítica é sempre possível e salutar. O Brasil pode estar entre os 10 maiores destinos turísticos do mundo. É só começar pela gestão e pela melhoria de qualidade de vida do brasileiro.
Bayard Do Coutto Boiteux é diretor da Escola de Turismo e Hotelaria da UniverCidade e presidente do Site Consultoria em Turismo (www.bayardboiteux.pro.br).