vineri, 22 ianuarie 2010

"O Brasil e a reconstrução do Haiti"

Sempre que uma grande tragédia natural acontece, onde estão envolvidos cidadãos dos países desenvolvidos, há uma grande comoção internacional e nasce rapidamente uma solidariedade, que habitualmente não acontece.
O Haiti acaba de passar por uma verdadeira devastação. A reconstrução do país deverá demorar no mínimo sete anos e vai demandar recursos, que poderiam inclusive resolver uma série de problemas nos países mais pobres do mundo. Há um interesse muito grande das grandes potências, nomeadamente dos Estados Unidos, que assim vai ocupando espaços. O Brasil, de olho numa vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU não tem medido esforços para que a missão de paz da ONU, comandada por nosso país, seja um sucesso. É estranho, se tal palavra pode ser utilizada, ver militares brasileiros tentando resolver os problemas de segurança, nas principais favelas de Port au Prince, sem que tenhamos até hoje conseguido minimizar a violência urbana nas cidades brasileiras.
A vontade do Brasil em estar no Conselho de Segurança é tão grande que o governo Lula tem perdoado enormes dividas, como a de Moçambique, da Nigéria, da Bolívia, de Cabo Verde, do Gabão e de Cuba, num valor aproximado de 800 milhões de dólares. Como verificamos, está saindo cara nossa disputa, sem mencionar a compra de aviões ao grande irmão Sarkozy.
A situação no Haiti é caótica. Lembro que quando estive naquele país há 3 anos, que já havia sido em muito sacrificado pela ditadura de Baby Doc, que até uma surra mandou dar numa equipe de futebol, que foi goleada numa copa do mundo, a miséria pairava em cada canto da cidade e os hotéis já recomendavam uma espécie de toque de recolher e as áreas proibidas. A população gostava muito de nossos militares e se sentia agradecida, o que não vem ocorrendo com a chegada maciça de norte-americanos, que inclusive usaram o quase destruído palácio, como pista de pouso. Segundo um professor haitiano, que conseguiu escapar do terremoto e que mantém contatos comigo, tal ajuda é no mínimo “emblemática”.
Devagar, os EUA estão ocupando algumas arestas deixadas pelos brasileiros e mostrando a sua potência bélica e rapidez na ajuda, pela proximidade e sobretudo porque as decisões são menos burocráticas. O Brasil precisa manter seu status de comando da força de paz e melhorar a distribuição caótica de água e alimentos, que começam a se amontoar em alguns locais, sem chegar à população e que podem se estragar.
O Haiti precisa de uma verdadeira solidariedade humana, vinda do fundo do coração dos governos, o que é pouco provável mas sobretudo que não deixem mais uma vez de respeitar decisões da ONU e não pensar no loteamento do país, com grandes empreiteiras internacionais, para a reconstrução do mesmo...

Bayard Do Coutto Boiteux é coordenador geral dos cursos de Turismo e Hotelaria da UniverCidade e presidente do Site Consultoria em Turismo-www.bayardboiteux.pro.br