duminică, 22 august 2010

O episódio do Hotel Intercontinental

Acordei revoltado, mais revoltado do que habitualmente. Ao ler meu clipping diário, verifiquei que o episódio do hotel Intercontinental, um cinco estrelas do Rio, em plena Maratona, que havia sido invadido por delinqüentes, que fugiam de uma comunidade estava estampado em 130 jornais estrangeiros e 45 sites, dos quais grande parte era de países que enviam turistas para o Brasil, que a cada ano recebe menos visitantes internacionais, apesar de todos os esforços promocionais.
Por outro lado, recebi aproximadamente 800 emails de meus amigos e conhecidos mundo a fora, pedindo maiores informações e extremamente preocupados com tal fato, na imagem já desgastada do Rio, no mercado internacional. Sem saber muito bem o que responder pois vivo dizendo que o Rio não é mais violento do que outras grandes cidades, que não temos atentados terroristas e que o exemplo da organização do Carnaval e do Réveillon mostram nossa capacidade técnica, tive que ficar calado, preferindo alegar que era uma fatalidade, discurso preferido do setor turístico.
Fico, no entanto, preocupado com as informações que invadem nossas casas diariamente, durante a campanha eleitoral, com a apologia das chamadas unidades pacificadoras. Elas foram um esforço pontual do governo do Estado, na valorização dos imóveis do entorno, num processo de melhoria da cidadania dos moradores e da nova policia militar. Ocorre que o Rio não tem policiais suficientes, nem orçamento suficiente para uma pacificação geral, tendo inclusive deixado de lado as comunidades mais perigosas como a Rocinha, o Vidigal e o Alemão, onde a presença do poder paralelo ocorre diariamente. É preciso repensar o modelo de atendimento ao aparato policial, priorizando a inteligência, os salários, o armamento, as fronteiras e a qualificação. São itens vitais para uma verdadeira política de Estado, que obrigatoriamente deve se apoiar na policia federal, extremamente bem qualificada.
As fotografias, cenas, vídeos no Youtube, comentários nos sites de relacionamento demonstram a preocupação do cidadão comum, do morador da área ou simplesmente daquele que quer ainda a sobrevivência do Rio. Cabe aqui algumas sugestões colhidas ou desenvolvidas anteriormente e que foram simplesmente deixadas de lado: encontros mensais com os correspondentes estrangeiros em forma de café da manhã com pautas positivas e reuniões com o corpo consular dentro da mesma tática. Deram frutos muito positivos, enquanto as coordenei nos governos Cesar Maia e Marcello Alencar. Precisamos agir com mais humildade e dar prosseguimento a programas relativamente baratos mas que contribuem na melhoria e aprimoramento da imagem institucional do Rio.
Sempre digo e repito: o Brasil precisa de um Ministério da Segurança Publica, que tenha uma secretaria de segurança turística, com diretrizes e recursos voltados para os principais pólos turísticos. São necessários de forma urgente a implantação de corredores de segurança turística em todos os bairros da cidade com os contingentes de policiais já lotados naquelas áreas,para coibir situações, como a do Intercontinental. Não se pode também conceber que integrantes das forças de segurança desenvolvam ações isoladas para prender traficantes, que deram origem ao episódio Intercontinental. Os hotéis devem também fortalecer sua segurança interna e externa, aumentando o número de profissionais para tal tarefa, fazendo uma integração real com os batalhões vizinhos e ajudando financeiramente da forma que podem a segurança. Vamos voltar com os prêmios de viagens que instituímos com o apoio da Abav e da ABIH. Tenho certeza que os empresários estão de acordo com o incentivo a nossos policiais militares, civis, bombeiros e guardas municipais.
A ação do batalhão de choque para resolver o problema foi rápida e eficaz, devo confessar mas não foi suficiente para os danos que a cidade do Rio sofreu mais uma vez. Até porque agora só se fala em eventos esportivos e sua inserção na cidade, esquecendo providências básicas como sinalização e informação turística, sempre relegadas a um segundo plano.
Que os clamores de um professor universitário, filho de um exilado e sempre pronto para ajudar o Rio sejam ouvidos e analisados. O Rio sempre vai precisar de atenção e pequenos gestos em tais ocasiões.Vamos aprender com quem sabe: o maior especialista em segurança turística do mundo, Peter Tarlow, ministrará diversas palestras no Rio, no dia 05 de outubro. É a segunda vez que vem ao Rio. Quem sabe, desta feita, as autoridades e o trade se interessam...

Bayard Do Coutto Boiteux é professor universitário, escritor, preside o Site Consultoria em Turismo e coordena o curso de Turismo da UniverCidade.