CENA 1 - Em "X"... em um importante órgão de informação turística brasileiro
Hoje - 10h05 da manhã - Um grupo de 4 franceses gesticulavam incessantemente em frente a uma atônita funcionária de um importante órgão de informação de turismo da capital X. Sem compreender nada do que falavam, ela entregava "folders" de "roteiros turísticos" da cidade e outros do interior de X. Todos com a "marca" Brasil, com o logo de apoio do Ministério do Turismo, integrantes do programa de regionalização do turismo e etc... . Diálogo:
-"Fulana", tem alguém aqui que sabe falar francês? Eu não entendo nada do que eles me perguntam...
- "Ciclana", mesmo se tivesse eu não indicaria, pois quando fui para os EUA ninguém me orientou...
Fiquei pasmo! Simplesmente embasbacado. Aproximei-me do grupo, perguntei quais as informações que gostariam e solicitei à funcionária que indicasse algumas agências que oferecessem passeios com guias intérpretes...
Uma das pessoas do grupo agradeceu-me e questionou-me se aquilo era normal... fiquei sem ação, sem resposta... com um sincero "sorriso amarelo" respondi que o turismo no Brasil ainda engatinhava... faltava capacitação e qualificação. Fui interrompido por outra senhora que, calmamente, disse-me que o Brasil não teria condições de receber grandes eventos, uma vez que os órgãos de turismo não sabiam lidar com os turistas... e novamente fiquei sem resposta... (risos) convidei o grupo para um café. Expliquei calmamente minha opinião sobre as mazelas do turismo brasileiro. Agradeceram-me novamente. Paguei o café para o grupo e lembrei que no Brasil, ainda existe uma parcela de pessoas que entendem que a hospitalidade, o jeitinho "brasileiro" resolve todos os problemas e sana todos os traumas. O grupo caiu na gargalhada. O Guia chegou e eles partiram. Felizes... Não sei! Descontraídos? Sim... agora sim...
CENA 2 - 11h15 - Dentro do importante órgão de turismo do Estado "X"-
Cumprimentei o político "A" (Chefe de todos), o político "B" (Coordenador de Turismo), o Técnico "C" (Também do turismo.). Conversamos sobre diversos assuntos. De repente, entra uma das funcionárias que presenciou o "causo". Conta ao Sr. "A", "B" e "C" o ocorrido, agradece-me por ter conversado com o grupo. Desconversei. Os Srs. "A, B, C" minimizam o assunto. Por fim, mudamos o foco da conversa. E por fim, mais um diálogo:
- Esses estrangeiros... deveriam aprender a falar nosso idioma. Quando viajamos somos obrigados a falar inglês, francês, etc...
- Pois é! Um absurdo... e depois dizem que não somos organizados.
- E o duro é ter de ouvir que alguém de fora os ajudou conversando em seu idioma. Aposto que quis se mostrar...
(Pirei!!! Como se não estivesse na sala! Uma sandice!)
CENA 3 - De volta ao importante órgão de informação turística brasileiro
Diálogo:
-Moço! Moço! Obrigado pela ajuda!
- Disponha!
- Você não sabe! O Sr. é a nossa salvação hoje! Tem um grupo de alemães por aqui... poderia nos ajudar...???
(Pensei: vai começar tudo de novo! ) - Pois não!
Voltando para casa, mais uma vez, pensei sobre o desenvolvimento do turismo brasileiro... abaixei a cabeça, nó na garganta, vontade de explodir... e lembrei-me daquela frase: "Eu sou brasileiro e não desisto nunca!" Sim, o turismo brasileiro vencerá...
