sâmbătă, 5 septembrie 2009

Rio, você vai conseguir...

A cidade do Rio de Janeiro vive um momento de lua de mel, na integração dos poderes municipal, estadual e federal. Tal união tem tido reflexos positivos no repasse de recursos e na administração da cidade maravilhosa. Sentimos que a situação é tão boa que o Prefeito Eduardo Paes poderia ser um secretario de Cabral ou um ministro do Lula. Parece que o Brasil entendeu finalmente a importância do Rio e como a percepção positiva de nossa cidade no exterior ajuda a fixação de um olhar positivo sobre o maior destino turístico da America do Sul.
Considerada uma das cidades mais felizes do mundo e candidata a sediar os Jogos Olímpicos e a maior destino gay do mundo, estamos mostrando que a diversidade e a emoção de nossa população hospitaleira, reconhecida em pesquisas e estudos deve ser o grande diferencial competitivo, que o trade turístico e as autoridades devem mostrar ao mundo.
O turismo é uma atividade que pressupõe respeito mútuo, flexibilidade mas sobretudo entendimento de que a cultura local e seus moradores fazem parte de um processo de gestão participativa e sobretudo de visão estratégica da busca de novas opções. Projetos como a hospedagem domiciliar em Santa Tereza ou ainda os tours não convencionais ao Maracanã,bailes funks ou favelas demonstram um novo approach na oferta local. O receptivo passa hoje por uma situação pontual de redução de fluxos,pela valorização do real,que aumentou os preços finais do produto.
Sentimos que estamos sendo invadidos devagar por um sentimento de mudança, que havia começado com o Sambódromo, a Cidade do Samba, a Cidade da Música e agora um museu em plena Avenida Atlântica, uma nova área de lazer na Avenida Rio Branco e mudanças na operação do Carnaval, que foi resgatado na gestão do Cesar Maia e no Réveillon, hoje o maior evento carioca.
Apesar de toda a alegria e os bons ventos que parecem soprar na cidade, que espero sinceramente que não sejam pontuais e eleitoreiros, faz-se necessário uma contínua busca de soluções para nossos principais problemas, sobretudo aqueles apontados pelo COI, Comitê Olímpico Internacional, que podem ser uma solução definitiva para algumas mazelas da cidade. Nosso trânsito caótico pode ser minimizado com um desenvolvimento mais rápido do metro e melhoria das condições do transporte ferroviário. A construção de novos empreendimentos imobiliários na Barra, Autódromo e Riocentro está criando e valorizando uma área vital da cidade mas que não pode ser sufocada por falta de infraestrutura adequada de transporte.
Por outro lado, a questão da violência urbana demanda efetivos investimentos no batalhão de policiamento das áreas turísticas e na delegacia especializada em atendimento ao turista. Precisam ser instrumentos efetivos de colaboração turística, com pessoal bilíngüe, devidamente qualificado e sobretudo bem remunerado
Sse o turismo é vital para o Rio, a gestão da atividade tem que também estar concentrada numa secretaria voltada exclusivamente para o turismo,com interação com as demais. Lembro na gestão de Roberto Gherardi na Turis-Rio, a criação de um conselho que envolvia todas as secretarias de estado nas discussões e políticas de turismo do Rio. Bons exemplos devem ser mantidos e fortalecidos. Os órgãos de turismo e a cidade não pertencem a nenhuma autoridade, que embora eleita pelo voto direto, a governa durante período estabelecido. Sentimos, infelizmente ainda em 2009, uma falta de comprometimento com a continuidade de políticas públicas, que às vezes mudam de nome e modus operandi, após alguns meses de governo, para satisfazer o ego de alguns.
A capacidade hoteleira da cidade não me parece ser um grande problema. Primamos por uma boa qualidade de serviços e que eventuais grandes eventos, podem ter nos navios uma opção efetiva de alojamento, durante alguns momentos. A industria hoteleira não pode iniciar grandes investimentos sem ter a certeza de que políticas de promoção,venda e melhoria da infraestrutura passarão a fazer parte doravante dos orçamentos de todas as instâncias.
O Plano Rio++, iniciado e construído na gestão do Medina, no turismo carioca, que levou em consideração o maior plano de turismo já desenvolvido no país, o Rio maravilha é o caminho para continuarmos juntos, lutando por um turismo efetivo. A academia tem que ser o braço direito das administrações públicas, sobretudo aquela que se preocupa com pesquisas, laboratórios e a construção de um futuro profissional para o mercado.
O Rio, cidade da felicidade, da diversidade, da cumplicidade, do amor pelo próximo, da crença no amanhã e na gestão empreendedora e moderna é o caminho para nossa sobrevivência. Não vamos comemorar absolutamente nada, antes de definirmos que somos apaixonados e loucos, por investimentos turísticos e em qualidade de vida.
Rio, você merece todos os nossos esforços governamentais e privados mas precisa ter calma e parcimônia, se tiver vontade de evoluir.... E sobretudo respeitar as marcas positivas deixadas por seus antecessores....
Você, Cidade Maravilhosa, abençoada, mostra a força e emoção turística, que tem....

Bayard Do Coutto Boiteux é professor universitário, escritor e atualmente coordena os cursos de Turismo e Hotelaria da UniverCidade.