vineri, 7 mai 2010

Intercâmbio e Turismo

Uma das formas mais ricas, que a atividade turística coloca hoje à disposição dos consumidores é a possibilidade de intercâmbio internacional. Trata-se de uma visão das diferenças que compõem o mundo globalizado e uma melhoria do entendimento de que uma sociedade pode sobreviver, apesar de todas as diferenças.
O intercâmbio permite também um crescimento do individuo, na maneira de conceber sua inserção no mercado de trabalho altamente competitivo, já que vai aprimorar a aprendizagem de um idioma e muitas vezes vivenciar uma grande experiência cultural, que é se hospedar na casa de uma família anfitriã. O fato de conviver com nativos de uma localidade e conhecer seus hábitos, crenças e paradigmas de sobrevivência extremamente diferenciados, o levará a uma qualidade, tão bem apregoada no Código de Ética Mundial do Turismo, de que o turismo pressupõe uma adaptação a novas padrões culturais.
Temos experiências interessantes como quando estivemos na Inglaterra para uma estadia de sete meses e recebíamos reclamações pela quantidade de banhos que tomávamos ou ainda por uma alegria tão grande, que parecia que o mundo era outro. Lembramos também de nosso curso de inglês em Fort Lauderdale, onde fomos surpreendidos por uma quantidade enorme de coreanos em nossa sala, que ao nos identificar como brasileiros, passaram a buscar palavras de futebol, para conversar conosco. A adaptação levou-nos a uma maturidade nunca imaginada,não só no campo afetivo mas na educação que transmitimos a nossos filhos. Foi uma forma de revitalização da personalidade individual em relação a um mundo tão diferente mas tão parecido em tantas ocasiões econômicas e políticas.
É um investimento muito comum nas famílias européias onde faz parte da vida familiar, pelo menos uma experiência de intercâmbio durante a adolescência. A convivência, por exemplo de franceses e ingleses melhorou muito: imaginem viver num país em que se dirige do lado oposto e come peixe, batata frita e maionese, que recebe os mestres da culinária mundial, com uma dificuldade muito grande com o idioma inglês.
A forma de participar de tal fluxo foi mudando e hoje, por exemplo, na Europa, os alunos em função do Erasmus cursam disciplinas diferentes que são revalidadas posteriormente em vários países. É de uma riqueza ímpar ver uma sala repleta de franceses,portugueses e italianos estudando na Bélgica. Como inovação ainda, surgiu o Work Experience, onde nos Estados Unidos, estudantes do mundo inteiro trabalham em cassinos, hotéis e empreendimentos temáticos. Finalmente, foi concebido um programa, onde se pode estagiar em empresa da área de formação ou de estudo.
Hoje, o Brasil se limita a enviar estudantes e profissionais, de todas as idades, para o exterior mas não desenvolvemos ainda com muito afinco, o referido segmento em nosso país. Seria mais uma oportunidade não só para aprender português mas para fazer de tais visitantes, nossos grandes promotores. Devemos confessar que formaria uma forma de inovação em nossa atividade.
Sentimos que o intercâmbio foi levando a novas formas de venda dos produtos como a chamada hospedagem domiciliar e as viagens com experiências culturais, tão bem formatadas na Ásia. O profissional ou o estudante que tiver em seu currículo uma experiência internacional fará a grande diferença na hora da escolha dos empregadores e será um individuo melhor para uma sociedade tão conturbada e com uma miopia grande para as diferenças e o não convencional.

Bayard Boiteux é o coordenador do curso de Turismo da UniverCidade e Mauricio Werner presidente da Planet Work. (www.bayardboiteux.pro.br)