duminică, 18 aprilie 2010

O Caos aéreo na Europa

Em função da erupção do vulcão Eyjafjallajoekull, na Islândia, que expeliu uma nuvem de cinzas, o tráfego aéreo europeu teve que ser interrompido, obrigando inclusive vários países a fecharem seus espaços aéreos. Como o vulcão, que se encontra em uma geleira continua em atividade e que a nuvem está se expandido, não há, infelizmente,previsão de quando deve parar. A cinza vulcânica pode danificar seriamente o motor dos aviões e causar acidentes, inclusive a queda dos mesmos.
É a pior crise que o setor vive, desde os atentados de 11 de setembro nos EUA, que fecharam o espaço aéreo por três dias. São aproximadamente 18 000 vôos que serão cancelados até terça-feira e que vão gerar um prejuízo de 200 milhões de dólares, por dia, para as companhias aéreas européias e sobretudo para o turismo local. No maior país turístico do mundo, que é a França, já deixaram de chegar 100 000 passageiros e 150 000 franceses estão bloqueados no exterior. A França já começou a prestar socorro a seus nacionais, através das embaixadas e consulados no exterior e de suas prefeituras locais, para vôos domésticos. São providências tomadas em detrimento das empresas aéreas, que apesar de estarem sujeitas a uma legislação européia extremamente rigorosa na defesa do consumidor estão se descuidando,com raras exceções, das responsabilidades,que lhe são pertinentes.
Outra preocupação é a situação econômica de várias empresas aéreas européias, que pode se transformar num grande desastre econômico, já que várias atravessam problemas de gestão e nos próximos dias, vão precisar de socorro dos governos. Espanha e Portugal ainda apresentam as melhores situações, sendo as piores na Dinamarca, Grã Bretanha, Suécia e Noruega.
Algumas empresas estão fazendo testes para voar numa altitude mais baixa, a 3 mil metros, no momento em que os aeroportos forem abertos, como é o caso do Aeroporto de Amsterdã. O impacto traz também problemas há milhares de quilômetros do continente, com cancelamento de vôos na Austrália e na China.
Como as cinzas danificam a fuselagem e as turbinas das aeronaves, as empresas optam pela suspensão dos vôos e temos hoje quase 1 milhão e 700 mil passageiros afetados. Os piores casos são compromissos de trabalho, férias ou até velórios, como o do presidente polonês Lech Kacznski e sua mulher, que contará com a ausência em massa dos grandes líderes mundiais, como Obama, Merkel, o rei Juan Carlos, o rei Carl Gustav e Sarkozy.
É surpreendente verificar também o comportamento dos europeus, que sem destruírem aeroportos, nem agredirem funcionários, que em muitos casos desapareceram, aguardam novas comunicações em casa. No caso dos estrangeiros, a situação é bem grave mas as representações consulares precisam seguir o exemplo da França.
Por outro lado, as operadoras de turismo receptivo e exportativo, no mundo inteiro estão alarmadas e preocupadas. No Brasil, já temos 1800 passageiros, que viajariam em excursões que não puderam deixar o país e que os fornecedores europeus ainda não se posicionaram claramente. No caso da França, desde o início da crise, foram 370 pacotes para o mundo inteiro foram cancelados, atingindo quase 20 000 passageiros, incluindo operações charters e de companhias de baixo custo.
O mundo está literalmente parado, apesar de a Europa possuir uma malha ferroviária e rodoviária excelente mas que se encontra sem condições de atender uma demanda repentina, sem planejamento, mormente em seus trens mais rápidos como os TGVS que assumem diferentes nomes nos outros países. Só para se ter uma idéia o Eurostar está com todos os lugares vendidos até quinta-feira da próxima semana e uma lista de espera para trens suplementares.
Responsável, por quase 60% de todo o fluxo internacional, a situação européia preocupa o mundo, já que o turismo pode entrar em colapso nunca visto, nos próximos dias. Que alguém, mais forte do que nós, busque uma solução. Lembro,finalmente que ainda estão previstos pelo menos novos 50 acidentes naturais, fora os atos terroristas até o final do ano, o que talvez mudem de alguma forma os rumos dos fluxos turísticos.

Bayard Do Coutto Boiteux é professor universitário, consultor e coordena atualmente o curso de Turismo da UniverCidade. (www.bayardboiteux.pro.br)