vineri, 9 aprilie 2010

O Rio, as enchentes e o turismo

O Estado do Rio de Janeiro,em especial,os municípios do Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo mais uma vez foram vítimas da irresponsabilidade dos gestores públicos, que nos governam, nas últimas décadas. Faço alusão às fortes chuvas que caíram no Rio e deixaram as cidades citadas no maior caos ,já visto .
É impressionante como as construções irregulares em encostas cresceram mais de 400% nos últimos vinte anos. Não há vontade política efetiva de disciplinar o crescimento desordenado das comunidades, em nosso Estado. Em vez de se ater às ações, que possam efetivamente dignificar os moradores das áreas mais afetadas, preferem o marketing eleitoreiro, perto das eleições, como o chamado PAC. Por outro lado, verbas que deveriam ter sido liberadas para tais calamidades, não conseguiram chegar a nosso Estado e um valor expressivo chegou a outro Estado, do qual o então ministro era oriundo.
Não podemos continuar com calamidades que matam 200 pessoas em menos de 2 dias e que mostram a fragilidade dos serviços públicos, no momento de resgatar pessoas soterradas, limpar a lama das ruas, controlar o trânsito ou simplesmente manter a ordem pública, evitando arrastões, que acometeram parte do Rio, por exemplo.
Começam então pronunciamento descabidos e desencontrados de autoridades públicas, que inclusive demonstram falta de coordenação nas políticas públicas e sobretudo de gestão de grandes conflitos, que por força também de um desrespeito do homem a mãe natureza, vão ocorrer com mais freqüência.
Mais uma vez mais,ganhamos as manchetes de vários jornais no mundo, como o New York Times, El País, Clarin, Le Monde, Corriere de la Sera, El Mercurio, onde mostravam uma cidade alagada sem providências ágeis e decorrentes, que pudessem minimizar o estresse que tomou conta da população. Ainda bem que, no caso do Rio, a população atendeu ao chamado do Prefeito Eduardo Paes e permaneceu em casa. Será que alguém calcula os danos causados a imagem institucional do Rio? Será que algum órgão oficial já preparou alguma ação de relações públicas em tais países emissores? Como foram orientadas nossas representações no exterior a responder sobre tais fatos, se é que o fizeram ou mais uma vez se omitiram. Vejo, no caso da cidade maravilhosa e de Brasília, como embaixadores e cônsules estrangeiros enviam constantemente esclarecimentos aos jornais.
O Turismo mais uma vez voltará a sofrer. Um grupo de turistas italianos ficou preso no túnel Rebouças durante a chuva e numa situação dramática, em função de um possível arrastão, seguiu a pé pelo túnel, gritando de pavor. Um casal de norte-americanos que viajava num ônibus no metro, onde chovia e dois passageiros usavam guarda-chuva fotogravam e enviavam fotos para amigos e jornais naquele país. São danos irreparáveis, que apontam para o despreparo da cidade, para grandes eventos que se aproximam, caso tenhamos novos problemas climáticos.
Sentimos, infelizmente, uma impotência muito grande, vendo o novo pólo gastronômico de Vargem Grande inundado, com o Rio Morto transformado numa verdadeira piscina a céu aberto com lixo boiando, a lagoa transbordando fazendo a ciclovia desaparecer, para citar apenas alguns exemplos. Volto a perguntar quando as autoridades vão agir efetivamente retirando as pessoas das áreas de risco e pensando a cidade sustentável, levando em conta o código da cidade?
Não queremos culpar ninguém pois não adianta nada mas precisamos de políticos corajosos que tenham a ousadia de mudar a realidade em currais eleitorais, como a Rocinha, onde a situação do Laboriaux foge ao controle dos moradores. Será que ainda vamos encontrar gestores prontos para mudar a situação, identificar os problemas e inibir novas mortes, em acidentes já anunciados? Como podemos ajudar os grandes conflitos internacionais e acidentes em outros locais, se não conseguimos nem sequer retirar as pessoas de nossos escombros?
Será que finalmente,após mais um trágico acidente, vamos mudar os rumos da administração ou, por força das próximas eleições, ficaremos ainda perplexos, transferiremos verbas emergenciais e tudo voltará ao normal dentro de semanas? Ficam nossas reflexões...

Bayard Do Coutto Boiteux é professor universitário, autor de 18 livros, preside o site Bayard Boiteux e coordena os cursos de Turismo e Hotelaria da UniverCidade. (www.bayardboiteux.pro.br)