luni, 8 martie 2010

Considerações sobre o novo agente de viagens

Ao fazermos uma análise do comportamento dos agentes de viagens, nos últimos dez anos, verificamos que com raras exceções, limitaram-se a vender bilhetes aéreos e a única discussão relevante nos grandes fóruns de turismo, gerando sempre polêmicas, é o comissionamento das agências, as formas de distribuição por parte das companhias aéreas e o comportamento dos gds.
Não é possível que em 2010,continuemos assim.
Precisamos urgente fazer uma grande revolução nas cabeças pensantes do trade turístico de que a palavra de ordem é o empreendedorismo, que juntamente com a criatividade vão melhor dimensionar a nossa atividade.
A Internet é uma realidade e não podemos desconsiderá-la, nem desconhecê-la: os agentes mais modernos aderiram rapidamente a mesma, criando portais e novos canais de comercialização. Ela é hoje uma forma rápida e objetiva de obter informações,fazer reservas e buscar as melhores tarifas. No entanto, o agente consultor que justamente busca vender destinos turísticos com seu know how e sobretudo sua vivência através dos famtours e viagens de lazer sempre terá seu espaço garantido. O cliente precisa cada vez mais de dicas que só vai encontrar naquele profissional que se qualificou para atender o novo consumidor, que apesar de querer viajar sozinho, busca um apoio na agência para formatar sua estadia e buscar a otimização de seu tempo livre. Eis a grande função do agente: ensinar ao consumidor a utilizar o orçamento e os dias que dispõe,para fazer de sua experiência a mais agradável possível.
Deve ficar claro, que doravante, temos que cobrar do consumidor o serviço que prestamos. A comissão tem desaparecido na Europa e nos EUA e vem sendo substituída pela cobrança de honorários. Vamos fazer uma grande campanha institucional, ressaltando nosso papel precípuo de consultores e que tem que ser remunerado. O brasileiro precisa se acostuma rapidamente com a nova realidade da comercialização das viagens.
Por outro lado, não podemos nos descuidar da capacitação e qualificação de gerentes e funcionários, que precisam não só estar em contato com fóruns específicos mas sobretudo conhecer experiências de outras áreas,submeterem-se a pós graduações de gestão inovadora e buscar nos grandes parceiros internacionais,as novas tecnologias da sobrevivência.
Quando falamos em criatividade, estamos nos referindo a busca de novos nichos de mercado, a expansão do turismo corporativo, gls, de esportes de aventura, de ecoturismo, para citar apenas alguns segmentos que apresentam resultados positivos. Não vamos nos limitar a formula transfer in + city tour + boat tourr + night tour + tranfer out e sim buscar dentro da imensidão dos destinos nacionais e internacionais. novas formas de seduzir nosso consumidor, que passam por experiências junto a população anfitriã.
Outra ferramenta que precisa ser melhor entendida e trabalhada é a pesquisa. Não podemos continuar no chutometro: precisamos conhecer os anseios de nosso consumidor e sobretudo o perfil de consumo, para oferecermos produtos que se adaptem a realidade dos mesmos.
Penso, finalmente, que as faculdades desempenham um papel importante, sobretudo aquelas que criaram agências acadêmicas, que funcionam como verdadeiras incubadoras para seus alunos, contrataram professores de mercado e buscam na parceria com as associações de classe, melhorar seu desempenho e adequar os alunos.

São reflexões, que espero sirvam para desencadear outras e que possam servir de contribuição para um novo modelo de gestão inovadora, que vai nortear cada vez mais nossos prestadores de serviços turísticos.

Bayard Do Coutto Boiteux é professor universitário, escritor e atualmente preside o Instituto de Pesquisas e Estudos em Turismo e Hotelaria da UniverCidade.